16 setembro, 2006
"Henri Meilhac ( 1831-1897 ) e Ludovic Halévy ( 1834 - 1908 ) exploraram nas suas comédias toda a frivolidade do espírito parisiense daquela época, explorando a sociedade do tempo através da gargalhada e da irreverência. Estes autores divertiam todo o público parisiense de então, unindo os seus ditos espirituosos aos compassos do cancán, numa mistura de frases alegres e saias arregaçadas deixando ver coxas brancas, para deleite do público masculino de grandes bigodes."
Este trecho, retirado do livro História do Teatro de Hemilo Borba Filho, ilustra perfeitamente o que Gil Vicente disse no seu tempo: "Rindo se aprende a moral". Não diferentemente do teatro francês daquele período, o teatro brasileiro do final do século XX e início do século XXI parece também apresentar este elemento em suas comédias onde, descrevendo a situação política do país, o dramaturgo coloca de maneira caricata e consequentemente cômica, um personagem mau caráter envolvido em situações de corrupção e exploração da ignorância do povo. É interessante observar que este tipo de espetáculo hoje está vinculado ao mero entretenimento, consumido justamente por essa parcela da sociedade que é atacada por esse retrato moralizante, pois raramente ela percebe as nuances que permeiam esses textos de "riso fácil".
Grande dramaturgo presente na França do século XIX foi Alexandre Dumas com A Dama das Camélias, lotando os teatros com burgueses encantados com simples conflitos e ações infantis dos personagem que lá estavam representados. Aqui, os textos com esse mesmo teor normalmente se valem de cenários óbvios, artistas conhecidos pelo grande público e salas de espetáculo suntuosas. Já que o teatro francês do final do século XIX, começou a se desvincular dos temas essencialmente burgueses e passou a mostrar camponeses e operários, nada mais justo do que adequar os espaços cênicos à esse novo objeto de análise. Mudam-se os cenários, os cartazes, os figurinos, até mesmo o próprio modo de representar. Aqui no Brasil, mais evidente nos anos 60, começou adequações físicas semelhantes. A construção do Teatro Arena foi a própria ruptura com o tradicional, isso vai fica mais evidente se observarmos a arquitetura do Teatro Oficia, adequação total às propostas de montagem e abordagem de temas.
Para tentar ser mais direto e eficiente e fazer com que sua mensagem crítica seja realmente absorvida, o teatro tem que transpor uma série de obstáculos censores que impedem que a difusão das novas idéias que poderiam abalar o "status quo". Na França, por exemplo, tentava-se, através do teatro, disseminar as novas idéias feministas e a defesa do divórcio. Hoje, no teatro brasileiro do fim do século passado, as novas idéias, não são tão novas assim. Falamos de lutas de classes, de opressão, de fome e miséria. Mas o novo está em incorporar esses temas, antes restritos a conversas fechadas e eruditas, nos textos teatrais, está em fazer o brasileiro se acostumar a ir ao teatro não só para rir de situações cotidianas, nem chorar com a grande atriz conhecida pelas telenovelas, mas sim para pensar, refletir sobre sua realidade, para apontar soluções e caminhos nas questões em que há falta de debates na sociedade.
Será que este novo século, onde já são passados 6 anos, mais de meia década, algo mudou em nosso fazer teatral? Quais são, se é que ainda existem, as novas funções sociais do teatro do século XXI?
 
posted by Alissandra Rocha at 21:55 |
05 setembro, 2006
A cultura não tem importância no Brasil. Merece menos de 1% de atenção.
O artista não tem importância no Brasil. Vale menos que R$00,01 por dia de trabalho.

É difícil fazer arte num país que não se importa em formar artistas. É difícil fazer arte em um país que sequer forma cidadãos. Um país que deixa a sua política cultural a cargo dos departamentos de marketing de grandes empresas, um país que destina muitos milhões para o “Cirque du'Soleil” e poucos centavos para a arte local e acessível ao povo.

O artista local tem teatro vazio e bolso vazio.
A grande produção, associada aos departamentos de marketing de grandes empresas, tem ingressos com preços elevados, teatro lotado e lucro financiado com dinheiro público (que via leis de isenção fiscal “banca” tais produções).

Até quando?
 
posted by Johnny Kagyn at 01:02 |